TEPe recupera e propõe velhos e novos percursos nas malhas urbanas de Lisboa e de Fortaleza, questionando o modo como os corpos em movimento se inscrevem e desenham trilhos e se relacionam com as paisagens sonoras. Partindo de uma ideia dinâmica do que é urbano, traçamos caminhadas nos mapas das cidades, que funcionam como narrativas para os sentidos dos caminhantes.
Marshall McLuhan,em 1962, apontou o papel hegemónico e dominante que a visão tinha no sentir da cidade e da paisagem. Contúdo, a visão separa-nos do mundo, enquanto os outros sentidos tentam reunir-nos. Tendemos a pensar que o que importa é o que vemos, mas de facto o que é mais forte é o que sentimos; e é aqui que o som é preponderante. Como um radar a audição funciona como um mecanismo perceptual que traz a nossa atenção para os eventos; Este processo opera em articulação com a visualizadade identificando o que são esses estímulos detectados.
“Tudo o que se move produz um som, e a cidade não para," diz-nos Filomena Molder no programa de rádio Ruas de Sentido Único da Antena 2. A cidade é uma composição de ritmos que interagem, espaços e mesmo afectos que competem pela nossa atenção e que informam a nossa experiência diária.
O som é um entidade fisica e afectiva, um movimento de fora para dentro (a impressão) e de dentro para fora (a expressão).
Estes percursos procuram estudar como os ritmos da cidade impactam nos ritmos do corpo e vice versa. Estudam a dicotomia paisagem sonora (soundscape) e paisagem do corpo (bodyscape). O efeito que uma tem na outra. Procuramos tornar audivel, tornar visível, revelar as camadas invisíveis do corpo e da cidade. As caminhadas são simultaneamente os intrumentos e o sujeito em análise. Olhamos para o esquema tripartido corpo-som-cidade.
Residência 1. LISBOA
PERCURSOS DA PANDEMIA
COVID-19: Sonoplastia efectuada a partir de uma recolha feita durante o workshop Música Mobiliário, orientado por Fernando Ramalho, organizado pelo c.e.m - centro em movimento, e que aconteceu durante a primeira semana dos efeitos da pademia em Portugal.
DIA DE PÁSCOA: Sonoplastia efectuada a partir de uma recolha feita no centro de Lisboa durante a tarde do dia de Páscoa.