Ações na Rua / Street action
RESTO: andarilho pelas peles de Lisboa
[PT]
A arquitetura permite-nos perceber e entender a dialética da permanência e da mudança, nos inserir no mundo e nos colocar no continuum da cultura e do tempo. […] Toda a experiência comovente com a arquitetura é multissensorial; as características de espaço, matéria e escala são medidas igualmente por nossos olhos, nariz, pele, língua, esqueleto e músculos. A arquitetura reforça a experiência existencial, nossa sensação de pertencer ao mundo, e essa é essencialmente uma experiência de reforço da identidade pessoal. Em vez de mera visão, ou dos cinco sentidos clássicos, a arquitetura envolve diversas esferas da experiência sensorial que interagem e fundem em si. […] Os olhos querem colaborar com os outros sentidos. Todos os sentidos, inclusive a visão, podem ser considerados como extensões do sentido do tato – como especializações da pele. Eles definem a interface entre a pele e o ambiente (outra pele) – entre a interioridade opaca do corpo e a exterioridade do mundo. (Pallasmaa, 2011, p. 32).
RESTO: andarilho pelas peles de Lisboa é a segunda versão da obra RESTO: no tempo, no silêncio, na escuta, obra estreada em 2021 na Bienal Internacional de Dança do Ceará – de Par em Par, unindo o Grupo de pesquisa Corpolumen (UFBA/BR) e o Projeto TEPe 2019/2021 (Technologically Expanded Performance). A primeira parte da pesquisa tratou da construção de um filme cênico (Guimarães, 2021) criado online na plataforma Zoom e tratava da ressignificação de casas e seus objetos como um novo lugar de criação durante a pandemia de Covid-19 (2019). Agora, a segunda parte da pesquisa é a criação de uma performance pelas ruas de Lisboa onde o andar, o trilhar, o reexperimentar da cidade trazem outros sentidos e significados: as peles da cidade junto às nossas peles.
A investigação está pautada no entrelaçamento de três temas propostos pelo TEPe2022: mapas urbanos, as camadas sensíveis da cidade e performar cidade. Fala do aqui e agora, de um possível “pós-entre-pandêmico”, no re-habitar da cidade através do caminhar/do caminhante e de suas paragens/habitações instantâneas na arquitetura de Lisboa: entrelace de memória, imaginação e fabulação, enquanto acontece o tatear de uma cidade possível! Interação de Dança, Cinema e Música em caminhadas dançadas: ato de criar/compor com a cidade através da Improvisação em tempo real, da música ao vivo e do registro audiovisual.
A pesquisa discute Dramaturgias em tempo presente pelos embates entre corpo e ambiente que, em interação nas ruas, produzem camadas de semioses, termo conceitualizado pelo filósofo americano C. S. Peirce como a ação inteligente do signo. Estas camadas intersemióticas correspondem à ideia de organização das cenas enquanto acontecem em tempo-real, dispostas como em uma timeline de edição de imagens. Estas semioses nascem da multissensorialidade dos improvisadores de Dança, que criam na cidade, e com ela, encontros entre fabulações, memórias, histórias e invenções. Cidade, corpos e coisas em performance: um acontecimento entre peles.
Concepção / Direção / Performance: Daniela Guimarães
Músicos convidados: artistas de Lisboa
Referências: As Cidades Invisíveis, Calvino (1990) e Os Olhos da Pele, Pallasmaa (2021)
---
[EN]
RESTO: walking through the skins of Lisbon
Architecture allows us to perceive and understand the dialectics of permanence and change, to insert ourselves in the world and place ourselves in the continuum of culture and time. [...] The whole moving experience with architecture is multisensory; the characteristics of space, matter and scale are measured equally by our eyes, nose, skin, tongue, skeleton and muscles. Architecture reinforces existential experience, our sense of belonging in the world, and this is essentially an experience of reinforcing personal identity. Rather than mere sight, or the five classical senses, architecture involves several spheres of sensory experience that interact and merge together. [...] The eyes want to collaborate with the other senses. All senses, including vision, can be considered as extensions of the sense of touch – as specializations of the skin. They define the interface between the skin and the environment (other skin) – between the opaque interiority of the body and the exteriority of the world. (Pallasmaa, 2011, p. 32).
RESTO: wanderer through the skins of Lisbon is the second version of the work RESTO: in time, in silence, in listening, a work premiered in 2021 at the Ceará International Dance Biennale – de Par em Par, uniting the research group Corpolumen (UFBA/BR) and the TEPe Project 2019/2021 (Technologically Expanded Performance).
The first part of the research dealt with the construction of a “scenic film” (Guimarães, 2021) created online on the Zoom platform and dealt with the resignification of houses, and their objects as a new place of creation during the Covid-19 pandemic (2019). Now, the second part of the research is the creation of a performance through the streets of Lisbon where the walking, the treading, the re-experiencing of the city brings other senses and meanings: the skins of the city next to our skins. The research is based on the interweaving of three themes proposed by TEPe2022: urban maps, the sensitive layers of the city and performing the city. It speaks of the here and now, of a possible “post-between-pandemic”, in the re-habitation of the city through the walker and his instantaneous stops/habitations in Lisbon's architecture: intertwining of memory, imagination and fabrication, while the groping of a possible city takes place! Interaction of Dance, Film and Music in dance-walks: act of creating/composing with the city through Improvisation in real time, live music and audio-visual register.
The research discusses Dramaturgies in present time by the clashes between body and environment that, in interaction in the streets, produce layers of semiosis, term conceptualized by the American philosopher C. S. Peirce as the intelligent action of the sign. These intersemiotic layers correspond to the idea of organization of the scenes as they happen in real-time, arranged as in an image editing timeline. These semiosis are born from the multisensoriality of the Dance improvisers, who create in the city, and with it, encounters between fabrications, memories, stories and inventions. City, bodies and things in performance: an event between skins.
Conception / Direction / Performance: Daniela Guimarães
Guest musicians: artists from Lisbon
Texts: The Invisible Cities, Calvino (1990) and The Eyes of Skin, Pallasmaa (2021)
Daniela Bemfica Guimarães (Universidade Federal da Bahia, Brasil)
[PT]
Docente na Escola de Dança, PPGDANÇA e PRODAN (UFBA). Líder CORPOLUMEN: Redes de estudos de corpo, imagem e criação em Dança. Diretora Grupo de Dança Contemporânea da UFBA (2017/19). Residências artísticas 2019, Westmore Farm, Lisa Nelson e Steve Paxton, Vermont/EUA e Pina Bausch TanzTheater, Wuppertall/Alemanha. Colaboradora TEPe (2019/21) e coreógrafa Balé Teatro Castro Alves, BR: 2021.
---
[EN]
Lecturer at the Dance School, PPGDANCE and PRODAN (UFBA). Leader CORPOLUMEN: Networks for the study of body, image and creation in dance. Director of Grupo de Dança Contemporânea da UFBA (2017/19). Artistic residencies 2019, Westmore Farm, Lisa Nelson and Steve Paxton, Vermont/USA and Pina Bausch TanzTheater, Wuppertall/Germany. TEPe collaborator (2019/21) and choreographer Balé Teatro Castro Alves, BR: 2021.
Duração total do evento / Estimated time
1h
Participantes / Participants
Livre / Free
Dados móveis / Mobile data
Não / No
Idioma / Language
Português / Portuguese
Local de encontro / Meeting Point
Escadinhas do Duque (cimo) / Top of the stairs Escadinhas do Duque