Ações na Rua / Street action
Imemorial: Carta a Lisboa
[PT]
Esta é uma caminhada performativa em formato de visita-guiada áudio-walk pela zona ribeirinha de Lisboa onde os espaços são tensionados pela invocação da memória das pessoas escravizadas, moçárabes, cristãos-novos, e seus descendentes, que os viveram. Nesta caminhada ritual queremos honrar aqueles que também construíram Portugal e que fazem hoje parte do património genético e cultural desta sociedade, ao mesmo tempo contribuindo para um possível ritual reconciliatório de uma temática que ensombra o passado português.
A etimologia da palavra Imemorial vem do Latim in-+memoriāle-, «que ajuda a memória». Podemos ler no dicionário da Infopedia.pt que a palavra se refere ao que não existe, que não se pode ou não se deve manter na memória; que não se consegue lembrar por ser extremamente antigo; sem memória. Oitocentos anos depois da fundação de Portugal e quinhentos depois da sua expansão marítima, que novos olhares surgem entre as ruínas e espaços vazios do passado?
Imemorial: Carta a Lisboa elabora sobre um Portugal miscigenado, construído sobre processos de integração social, com base no apagamento da identidade, no ocultamento e na amnésia. Faremos uma viagem que nos levará da conquista de Lisboa e dos escravos moçárabes levados por D. Afonso Henriques para Coimbra – e a sua libertação posterior por ação de S. Teotónio –, até ao achamento das ossadas do chamado caso do “Poço dos Negros” de Lagos. Um apresentador/“mestre de cerimónias” conduzirá os espectadores através de um percurso ao longo do qual serão apresentados elementos gráficos e executadas ações rituais. Nesta caminhada, passaremos por locais simbólicos como o antigo Pelourinho-velho, a antiga Igreja de Misericórdia, invocando apontamentos históricos que ilustram a participação efectiva das comunidades referenciadas na vida cultural da cidade de Lisboa, como por exemplo os “vilancicos negros” que atestam da relação entre música erudita e sacra com a popular de origem africana.
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[EN]
Immemorial: Letter to Lisbon
This is a performative walk in the form of an audio-walk guided tour through the riverside area of Lisbon where spaces are tensioned by invoking the memory of enslaved people, Mozarabs, New Christians, and their descendants, who lived them. In this ritual walk we want to honor those who also built Portugal and who are today part of the genetic and cultural heritage of this society, at the same time contributing to a possible reconciliation ritual of a theme that overshadows the Portuguese past.
The etymology of the word Immemorial comes from the Latin in-+memoriāle-, «that helps the memory». We can read in the Infopedia.pt dictionary that the word refers to what does not exist, which cannot or should not be kept in memory; that you cannot remember because it is extremely old; without memory. Eight hundred years after the foundation of Portugal and five hundred years after its maritime expansion, what new perspectives emerge among the ruins and empty spaces of the past?
Immemorial: Carta a Lisboa elaborates on a miscegenated Portugal, built on processes of social integration, based on the erasure of identity, concealment and amnesia. We will make a journey that will take us from the conquest of Lisbon and the Mozarabic slaves taken by D. Afonso Henriques to Coimbra – and their subsequent release by the action of S. Teotónio –, until the finding of the bones of the so-called “Poço dos Negros” case. from Lagos. A presenter/“master of ceremonies” will lead spectators through a path along which graphic elements will be presented and ritual actions performed. On this walk, we will pass through symbolic places such as the old Pelourinho-velho, the old Igreja de Misericórdia, invoking historical notes that illustrate the effective participation of the referenced communities in the cultural life of the city of Lisbon, such as the “black villagers” that attest to the relationship between classical and sacred music and popular music of African origin.
Rui Filipe Antunes (INET-md | polo da FMH), Ricardo Fonseca Mota, Carlos Nicolau Antunes (GEDH/LAMCI-CESEM, Universidade Nova de Lisboa), Ainhoa Vidal e Otaviano Rodrigues.
[PT]
Em 2021, Carlos Nicolau Antunes, Ricardo Fonseca Mota e Rui Filipe Antunes trabalharam juntos, em colaboração com o grupo de expressão dramática da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, InterDito, na primeira caminhada performativa desta série Imemorial – A mão e a grandeza, que foi apresentada em junho desse ano no festival Mimesis em Coimbra (https://substantivomagico.pt/grandeza/).
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[EN]
In 2021, Carlos Nicolau Antunes, Ricardo Fonseca Mota and Rui Filipe Antunes worked together, in collaboration with the dramatic expression group of the Faculty of Psychology and Educational Sciences of the University of Coimbra, InterDito, on the first performative walk of this Immemorial series – A mão e a grandeza, which was presented in June of that year at the Mimesis festival in Coimbra (https://substantivomagico.pt/grandeza/).
Duração total do evento / Estimated time
1h30
Participantes / Participants
Máx. 15 – Inscrição obrigatória / Registration required
Dados móveis / Mobile data
Não / No
Informação relevante: Áudio-walk performativa (Pode trazer os seus auscultadores, se preferir)
Relevant info: Performative audio-walk (you may bring your headphones if you prefer)
Idioma /Language
Português / Portuguese
Local de encontro / Meeting Point
Terreiro do trigo 15-A
Apoio/Support
TEPe(PTDC/ART-PER/31263/2017), Escola de Mulheres, Paróquia de São Nicolau