Ações na Rua / Street action
GALHO – entre caminhos de dentro e de fora
[PT]
A performance Galho compreende um jogo improvisacional dançado no qual realizo uma série de ações a partir do encontro com um galho, encontrado em uma deriva na cidade. Em 2019, esta foi realizada nas imediações do Instituto de Artes da Unesp em São Paulo/Brasil. Trata-se de um encontro, uma dança, entre corpo, o espaço da rua e seus habitantes, e um galho de árvore seco.
Nesta dança, a mão toca o galho e vice-versa. O corpo-galho amplifica, estende meu corpo no espaço. Durante esse jogo relacional com a cidade, estou atenta e permeável para a escuta do espaço, para as dinâmicas, os encontros, entre arquiteturas, pessoas e coisas. E assim, o corpo-galho, o corpo-Clara, o corpo-cidade se entrecruzam concomitantemente, e ambos os corpos se apoiam, se empurram, se lançam, aquietam, em movimentos de expansão e recolhimento.
A partir da percepção da materialidade e peso do galho, irei compor as ações da performance ao carregá-lo, apoiar-me nele, arrastá-lo, deitá-lo, entre outras. Meu corpo dançante lida no tempo presente com seus “dentros” e “foras”, em uma relação intrínseca entre espaços, mundo, ser no mundo. Um corpo que dança na rua no encontro com outros corpos, corpo-gente, corpo-asfalto, corpo-chuva, corpo-cidade etc.
Componho instantaneamente com as configurações do espaço uma dramaturgia coreográfica em relação com o elemento que carrego. É um jogo que dá visibilidade ao espaço e aquilo que o compõe no momento mesmo da performance – calçada, largo, via, travessia, prédios, pessoas, carros –, a fim de convocar estas e outras imagens a partir desse agir, dança entre corpo, galho e cidade. As imagens ora contrastam com a paisagem urbana, ora integram-se a ela, ao mesmo tempo em que evocam a natureza que ali esta e não está.
Para os passantes, espectadores, transeuntes, o convite é à fruição, reflexão, contemplação que o corpo-galho convida com a paisagem urbana posta e constituída. No entre cruzar de olhares ou apontando para uma direção como continuação do gesto, traço caminhos que nos conectam em nossas coexistências e partilhas deste espaço comum. Proponho abrir com esta composição do instante possibilidades para imaginar novos modos de estar e viver esses espaços. Um exercício coletivo de gestar e sermos gestados pelo imaginário e poéticas da cidade.
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[EN]
Galho – between entrances and exits
The show "Galho" comprises a dance improvisation game in which I perform a series of actions from the encounter with a twig, found while drifting in the city. In 2019, this performance was performed in the vicinity of the Institute of Arts of Unesp in São Paulo/Brazil. It is an encounter, a dance, between the body, the street space and its inhabitants, and a dried tree branch.
In this dance, the hand touches the branch and vice versa. The twig-body amplifies, extends my body in space. During this relational game with the city, I am attentive and permeable to listening to the space, to the dynamics, to the encounters, between architectures, people and things. And so, the hook of the body, the body-Clara, the body-city intersect concomitantly, and both bodies support each other, push each other, launch each other, calm each other, in movements of expansion and recollection.
From the perception of the materiality and weight of the branch, I will compose the actions of the performance carrying it, leaning on it, dragging it, depositing it, among others. My dancing body deals in the present with its "insides" and "outsides", in an intrinsic relationship between spaces, world, being in the world. A body that dances in the street in the encounter with other bodies, body-people, body-asphalt, body-slope, body-city, etc.
I instantly compose with the configurations of space a choreographic dramaturgy in relation to the element I carry. It is a game that gives visibility to the space and to what composes it at the very moment of representation - pavement, square, road, intersection, buildings, people, cars - in order to summon these and other images from this representation, to dance between the body, the branch and the city. The images sometimes contrast with the urban landscape, sometimes integrate with it, while evoking the nature that is there and not there.
For passers-by, spectators, the invitation is for fruition, reflection, contemplation that the body-twig invites with the urban landscape placed and constituted. Between glances or pointing to a direction as a continuation of the gesture, I trace paths that connect us in our coexistence and sharing of this common space. I propose to open with this, the composition of the instant, possibilities of imagining new ways of being and living these spaces. A collective exercise of gesture and being gesture of the imaginary and poetics of the city.
Clara Gouvêa do Prado (Instituto de Artes - UNESP/SP/BR)
[PT]
Artista da dança, professora e pesquisadora. Tem como focos de pesquisa a improvisação, a composição, as práticas somáticas e dança em espaços urbanos. Mestre em Artes pela UNESP-SP. Graduada em Dança pela UNICAMP. É integrante e fundadora da Cia Damas em Trânsito e os Bucaneiros. E atua na Balagandança Cia.
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[EN]
Dancer, teacher and researcher. Her research focuses on improvisation, composition, somatic practices and dance in urban spaces. MA Arts at UNESP-SP. Studied dance at UNICAMP. She is a member and founder of the company Damas em Trânsito e os Bucaneiros. She is active in the Balagandança Cia.
Duração total do evento / Estimated time
15 min
Participantes / Participants
Público ocasional / Occasional public
Dados móveis / Mobile data
Não / No
Idioma / Language
Não / No
Local de encontro / Meeting Point
Largo Trindade Coelho
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