Ações na Rua / Street action

 

Devorar ou saborear a cidade?  

 

[PT] 

Propõe-se uma performance no espaço público, inspirada na experiência de cidadãos em caminhar na cidade, recolhida através de entrevistas realizadas no âmbito do projeto de investigação TEPe. Alternando entre subir, descer e desviar-se, uma bailarina ingere memórias corporais e sensações, numa tentativa de aproximação à cultura portuguesa.

Como tornar uma cidade sua? Como sentir-se em casa num país estrangeiro? De Reenactment ficcional e autobiográfico, esta proposta artística baseia-se num diálogo entre a dança e a antropologia, entre um corpo e a alteridade encontrada na cidade. Literalmente falando, trata-se também de um encontro entre uma performer brasileira e uma antropóloga francesa durante uma entrevista de explicitação, em que uma fez reviver à outra uma experiência liminar única: sentir-se pela primeira vez ancorada em Lisboa. Do Brasil, trazemos a antropofagia Oswaldiana para inverter as relações entre Norte e Sul, e perguntar o seguinte: o que ganha a cidade de Lisboa em tornar-se intercultural?

Passando a um plano sensorial, convocar o paladar e o olfato sinaliza a urgência em refletir sobre a cidade, a partir do corpo, redispormo-nos para receber o que nos envolve criando imagens, por vezes mais intensas, por vezes mais instáveis. A proprioceção é outra linha para pensarmos o corpo em ação, sendo este constantemente obrigado a ajustar-se à calçada portuguesa acidentada, à presença de outros corpos etc., ou a escolher entre várias formas de se relacionar com a cidade: acelerar, alentecer, avagarar, procrastinar, dilatar, abrandar, parar. A língua portuguesa oferece uma panóplia de potencialidades no caminhar, que pode ser transposta para uma dimensão performativa, alocada algures entre o gesto vivido e o gesto aestético.

Existem numerosos fatores que levam alguém a andar a pé na cidade. Dos mais óbvios, encontramos o caminhar como necessidade (ir para o trabalho) e o como lazer (ir para uma aula de dança, ir ao café). Do lado menos visível, encontramos o caminhar como exploração (aprofundar o seu relacionamento com a cidade) e o como resistência (ir em contracorrente ao movimento pendular casa-trabalho-casa). O desafio é induzir, a partir do corpo da performer, um conjunto de experiências do “estar na cidade” para o público.

A caminhada inicia-se na Praça da Alegria. Depois de atravessar a Avenida da Liberdade, sobe-se a Calçada do Lavra onde será realizada a primeira performance solo em site-specific. A caminhada acaba no jardim do Torel, com uma segunda performance solo. Durante os percursos, uma(s) voz(es) acompanha(m) o público e convida(m) a futuras explorações.

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[EN]

Devour or savour the city?

 

A performance in public space is proposed, inspired by the experience of citizens in walking in the city, collected through interviews carried out within the scope of the TEPe research project. Alternating between going up, down and deviating, a dancer ingests bodily memories and sensations, in an attempt to get closer to Portuguese culture.

How to make a city yours? How to feel at home in a foreign country? From fictional and autobiographical reenactment, this artistic proposal is based on a dialogue between dance and anthropology, between a body and the otherness found in the city. Literally speaking, it is also about a meeting between a Brazilian performer and a French anthropologist during an explanation interview, in which one made the other relive a unique liminal experience: feeling anchored in Lisbon for the first time. From Brazil, we bring the Oswaldian anthropophagy to invert the relations between North and South, and ask the following: what does the city of Lisbon gain from becoming intercultural?

Moving to a sensorial level, summoning the taste and smell signals the urgency to reflect on the city, starting from the body, to re-arrange ourselves to receive what surrounds us creating images, sometimes more intense, sometimes more unstable. Proprioception is another way of thinking about the body in action, which is constantly forced to adjust to the rough Portuguese pavement, to the presence of other bodies, etc., or to choose between different ways of relating to the city: accelerate, slow down, slow down, procrastinate, dilate, slow down, stop. The Portuguese language offers a range of potentialities in walking, which can be transposed to a performative dimension, located somewhere between the lived gesture and the aesthetic gesture.

There are many factors that drive someone to walk in the city. Of the most obvious, we find walking as a necessity (going to work) and leisure (going to a dance class, going to a cafe). On the less visible side, we find walking as exploration (deepening your relationship with the city) and as resistance (going against the current of the commuting movement home-work-home). The challenge is to induce, from the performer's body, a set of experiences of “being in the city” for the audience.

The walk starts at Praça da Alegria. After crossing Avenida da Liberdade, go up to Calçada do Lavra, where the first site-specific solo performance will be held. The walk ends in the Torel garden, with a second solo performance. Along the path, a voice(s) accompany the audience and invite(s) to future explorations.

 

Michele Akiko Toyama Luceac (Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa) 

[PT]

Licenciada em Dança na Faculdade de Motricidade Humana, foi bolseira de iniciação científica no INET-md, polo FMH. No Brasil, desenvolveu seus estudos em dança do ventre com artistas como Lulu Sabongi e Aziza, e em ballet clássico na Royal Academy of Dance.

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[EN]

Graduated in Dance at the Faculty of Human Motricity, she received a scientific initiation grant at INET-md, FMH pole. In Brazil, she developed her studies in belly dancing with artists such as Lulu Sabongi and Aziza, and in classical ballet at the Royal Academy of Dance.

 

Sophie Coquelin e Maria João Alves (Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa, INET-md, polo FMH)

[PT]

A caminhada-performance conta com a colaboração de Sophie Coquelin, bolseira do INET-md e doutoranda em Motricidade Humana – Especialidade de Dança, na FMH e de Maria João Alves, professora auxiliar na FMH.

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[EN]

The performance-walk has the collaboration of Sophie Coquelin, an INET-md grantee and a doctoral student in Human Motricity – Dance Specialty, at FMH and Maria João Alves, assistant professor at FMH.

Duração total do evento / Estimated time

1h

Participantes / Participants

Max. 20 - Inscrição obrigatória / Registration required

Dados móveis / Mobile data

Sim/Yes

Trazer telemóvel com dados móveis e auscultadores. /

Bring headphones, and a mobile phone with mobile data

 (Um assistente da organização fará o percurso acompanhado de um router móvel / An assistant from the organization will take the route accompanied by a mobile router)

Idioma / Language

Português / Portuguese

Local de encontro / Meeting Point

Praça da Alegria