Ações na Rua / Street action
Caminhada do vagar
[PT]
Vagar é o nome que se dá à falta de pressa.
O coração da cidade, onde nos encontramos, pulsa a um ritmo que geralmente interpretamos como rápido e ao qual reagimos ainda mais rapidamente. E a rapidez torna-se uma espiral e uma adição que nos arrasta e nos treina para arrastar quem nos rodeia.
Será que ainda temos poder e saber para nos desacelerarmos neste contexto? Ou temos de fugir da cidade para o conseguir? Podemos reivindicar o direito a não ter pressa? Ainda sabemos qual é o nosso ritmo? Conhecemos o tamanho e a velocidade do nosso passo original?
Esta proposta convida a caminhar vagarosamente, a marcar o ritmo a partir da respiração, da pulsação, de um cântico inventado, do nada. Esta ação não é um relaxamento, e requer muita energia, intenção e curiosidade.
Como passam as horas quando estamos apenas connosco e achamos que temos todo o tempo do mundo? O que muda em nós? Depois do corpo abrandar, quanto tempo demoram as nossas ideias a desacelerar? E como é que a nossa desaceleração reverbera à nossa volta?
O ritmo da cidade versus o nosso ritmo interior. O ritmo de fora e o ritmo de dentro. Podemos ir ainda mais devagar? E ainda mais devagar? Caminhar lentamente sem nunca parar.
Vagar também significa ensejo, momento propício. A falta de pressa pode abrir o tempo e recriar o espaço, destapando o que está escondido quando passamos a correr.
No seu ensaio minimalista Gravidade, Steve Paxton (2018) fala-nos da lentidão como oportunidade: “aprender ou criar ações para serem mais lentas do que a nossa relação normal de pensamento/ação dá à mente tempo para sair das suas relações habituais e práticas com eventos, e experimentar o que antes eram instantes de transição” (2018:28, minha tradução).
De olhos fechados, sem pressa, com vagar, esta caminhada é um convite à inscrição da nossa cronosfera no coração da cidade.
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[EN]
Wandering
Wandering is the name given to the lack of hurry.
The heart of the city we are in pulsates at a pace that we generally interpret as fast and to which we react even faster. And speed becomes a spiral and an addition that drags us and trains us to drag those around us.
Do we still have the power and knowledge to slow ourselves down in this context? Or do we have to flee the city to achieve it? Can we claim the right not to be in a hurry? Do we still know what our pace is? Do we know the size and speed of our original step?
This proposal invites us to walk slowly, to set the rhythm of our breathing, our pulse, an invented chant, out of nothing. This action is not a relaxation, and requires a lot of energy, intention and curiosity.
How do the hours pass when we are only with ourselves and think we have all the time in the world? What does change in us? After the body slows down, how long does it take our ideas to slow down? And how does our slowing down reverberate around us?
The rhythm of the city versus our inner rhythm. The rhythm of the outside and the rhythm of the inside. Can we slow down even more? And even more slowly? To go on slowly without ever stopping.
Slowing down also means an opportunity, a propitious moment. The lack of haste can open time and recreate space, revealing what is hidden when we run.
In his minimalist essay Gravity, Steve Paxton (2018) tells us about slowness as an opportunity: “learning or creating actions to be slower than our normal thought/action relationship gives a mind time to step out of its habitual and practical relations to events and experience what were, before, transitional instants”.
With eyes closed, unhurried, slowly, this walk is an invitation to inscribe our chronosphere in the heart of the city.
Catarina Canelas (INET-md FMH | Universidade de Lisboa)
[PT]
Desde Outubro de 2017, é bolseira de investigação do INET-md, pólo da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, encontrando-se atualmente a trabalhar no desenvolvimento da Terpsicore, Base de Dados de Dança. Licenciou-se em Política Social (ISCSP-UTL), em Dança (FMH-UL) e é mestra em Política Social (ISCSP-UTL).
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[EN]
Since October 2017, Catarina has been a research fellow at INET-md, a branch of the Faculty of Human Motricity of the University of Lisbon, and is currently working on the development of Terpsicore, a Dance Database. She has a degree in Social Policy (ISCSP-UTL), a degree in Dance (FMH-UL) and a Master of Arts in Social Policy (ISCSP-UTL).
Duração total do evento / Estimated time
30m
Participantes / Participants
8 max. Incrições obrigatórias / Registration required
Dados móveis / Mobile data
Não / No
Idioma / Language
Português / English
Local de encontro / Meeting Point
Varanda do claustro / Cloister's balcony