Mapeamento de si: Uma prática de anatomia experiencial

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Essa comunicação visa o compartilhamento de uma proposta de intervenção para cursos de formação em dança, na qual pretende-se a construção de uma anatomia experiencial baseada nos preceitos de práticas de educação somática, em comunhão com os conhecimentos científicos acerca do corpo e do movimento humano. A proposta partiu de uma pesquisa no âmbito do Doutoramento em Artes da Universidade de Lisboa em regime de cotutela com Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no qual foram investigadas quatro instituições de ensino nas cidades de Lisboa e no Rio de Janeiro, nomeadamente, na Faculdade de Motricidade Humana e na Escola Superior de Dança, em Portugal, e na Faculdade Angel Vianna e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Brasil.

A questão que surge dessa investigação questiona como é possível, por meio de abordagens somáticas, fazer nascer um outro corpo, um outro artista. Nesse sentido, propõe-se uma visita ao conceito de “mapa como relato” (Marques, 2014) com vista à construção de uma cartografia do corpo sensível, que se debruça em uma articulação entre o corpo e a cidade – duas dimensões materiais, geográficas, sociais e políticas que se influenciam como territórios físicos e culturais de produção e enunciação de sentidos e significados. O mapa, simultaneamente instrumento de leitura e escritura da terra, conjuga um espaço inventariado e um espaço inventado. Ou antes, o mapa pode ser visto como um relato do espaço continuum dentro-fora, tal qual em uma fita de Moebius, onde não se distingue o interior do exterior, destacando-se uma dinâmica em torsão, de constante movimento. Dessa forma, propomos uma prática vivencial dos estudos anatômicos do corpo, sob a luz dos fundamentos da educação somática na qual o trabalho nunca é sobre o corpo, mas sim sobre alguém que é considerado, por um lado, um ser global, único, inteiro, mais que a soma das partes, e, por outro lado, como indissociável do seu meio ambiente.

Marina Magalhães (Universidade de Lisboa/Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)

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Autora do livro Grupo Teatro do Movimento: um gesto expressivo de Klauss e Angel Vianna na dança brasileira, é doutoranda em Artes (ULisboa/UNIRIO), com bolsa de financiamento da FCT. Atriz e bailarina, fundadora da Cia Impele, é também professora, preparadora corporal e diretora de movimento.