Instalação / Installation

 

ECOS – nossa implicação no e com o mundo. Um projeto de dança e realidade virtual.

 

Idealizado a partir dos estudos da improvisação em dança, ECOS é um projeto coordenado por Ivani Santana (Grupo de Pesquisa Poética Tecnológica: corpoaudiovisual) e desenvolvido em parceria com o grupo "Realidades Expandidas", sob coordenação de Daniel Argente. Para a instalação interativa, ECOS contou com a colaboração de Carlos Eduardo Batista. A Realidade Virtual ECOS é um espaço de experimentação Avatar/Visitante/Ambiente, no qual as interações/diálogos entre o avatar e o visitante se refletem no espaço gerando modificações expressas nas características cromáticas, sonoras e nos elementos dessa ecologia virtual e, ainda, na própria corporalidade do avatar. Ao longo desse processo, o conceito geral evoluiu até chegar na ideia de pertencimento, através da estética de corpos e ambientes em reverberação com as ações das pessoas. As formas de relacionamento foram representadas por sua estética, podendo os avatares alcançar maior corporalidade quanto maior a relação, ou desaparecer, em caso contrário. O projeto apresentou diversos desafios para seu desenvolvimento em Realidade Virtual. A primeira foi criar uma biblioteca de ações e reações entre os movimentos do avatar e os movimentos do visitante. Por parte do usuário com headset VR e controles nas mãos, há uma limitação em capturar uma expressão corporal completa, tendo que inferir seus gestos com base nesses três parâmetros somados ao seu movimento na área de ação. O deslocamento foi contemplado, em princípio, por estar dentro da área de influência do avatar. Uma programação adequada teve de ser gerada para capturar esses movimentos e gestos, e gerar uma resposta dinâmica em nosso interlocutor virtual. A interação altera, então, o ambiente: suas formas e materiais (shaders), o pós processo influencia assim vários parâmetros que afetam o caráter do ambiente e como ele nos comunica emoções. Um primeiro cenário asséptico propõe certas dinâmicas de interação funcionando como um tutorial. Em seguida, são propostos três cenários que apresentam diferentes formas de interação. Para além da relação imersa da realidade virtual, nossa proposta foi oferecer uma articulação entre o mundo físico e o digital. Para isso, as pessoas presentes no ambiente da instalação interativa, que abriga a realidade virtual, provocam alterações sonoras no ambiente de acordo com sua aproximação do visitante que utiliza o headset VR, bem como pelo seu deslocamento no espaço. A sonoridade local resultante da interatividade na instalação impacta na fruição do visitante imerso na realidade virtual. A experiência estética provoca uma discussão sobre as relações sociais e o impacto dos nossos atos no mundo, e, da mesma forma, em nós mesmos, demonstrando assim que tudo e todas as pessoas estão implicadas nesse sistema complexo e dinâmico no qual vivemos. A partir de gestos simples do cotidiano, relações surgem nessa improvisação em dança entre as pessoas e os corpos virtuais, fazendo repercutir os ECOS entre esses mundos! Este é, sem dúvida, um universo que se encontra atualmente em fase de “work in progress” e que nos estimula a continuar a explorar e a enriquecer a sua experiência.

Ivani Santana (PPG Artes Cênicas/UFBA e PPG Dança/UFRJ, Brasil)

 

Artista e pesquisadora da dança com mediação tecnológica. Pós-doutorado no Canadá e no Reino Unido.



Daniel Argente (Universidad de La República, Uruguai)

 

Coordenador da Licenciatura em Arte Digital e Eletrônica e Co-Coordenador da Rede e Observatório Iberoamericano de Arte Digital e Eletrônica. 

 

Carlos Eduardo Batista (PPG Computação, Comunicação e Artes, UFPB)

 

Coordenador do PPGCCA, pesquisador em arte mídia com pós-doutorado na Universidade da Califórnia, San Diego.